Moacir Saraiva – Atualiza Bahia 2u2w6w A Bahia sempre Atualizada Mon, 07 Apr 2025 21:28:22 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=5.8.3 /wp-content/s/2018/09/cropped-5-32x32.png Moacir Saraiva – Atualiza Bahia 2u2w6w 32 32 Colunista Moacir Saraiva r5h22 “Eita, embrulho desordeiro!” /colunista-moacir-saraiva-eita-embrulho-desordeiro/ /colunista-moacir-saraiva-eita-embrulho-desordeiro/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Mon, 07 Apr 2025 21:25:59 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=124858 <![CDATA[

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Foto: reprodução


A vida é um embrulho, às vezes, mal enrolado e seja como for, o tempo desnuda o que tem dentro. Essa essência enrolada, sendo boa ou ruim, não há santo que a encubra definitivamente. 
Três parturientes, se encontravam em uma enfermaria, após ter derramado seus bruguelos para este mundo. Duas delas bem tranquilas, pois já tinham ado por uma primeira experiência de ser mãe, e as crias se comportaram bem, pois só deram as caras no tempo certo. A outra, na sua primeira aventura de parir, sendo apenas uma menina, com seus 18 anos. Não se sabe o motivo, mas o seu pirralho se antecipou e reduziu em dois meses sua chegada ao mundo, isso a fez sair da sala de parto um pouco macambúzia.
Diferentemente, estavam as duas outras mães, vez que já eram maduras e as crias foram planejadas, enquanto o filho da moça foi obra do fogo, apenas um namorado que pouco ela conhecia e numa dessas festas, movida a paredão, os dois beberam muito, se inflamaram mais e a cria foi gerada. 
As duas mães, tranquilas, e mesmo sem nunca se terem visto, iniciaram um papo daqueles que nascem do acaso, assim como nascem nas filas de bancos, nas filas de supermercados, são papos que simplesmente nascem, não se sabe se para a pessoa fazer jus à proximidade das demais, ou simplesmente porque a língua não pode ficar quieta. Conversas amenas, papos sobre filhos, família, as duas eram casadas, tinham suas profissões, e se devotavam aos lares.
A mãe mais nova, ainda morava com os pais e começou a assuntar o papo, sem querer se envolver, pois a situação dela, diante do que ouvira, era bem diferente das duas, não tinha emprego, ia pleitear o bolsa família, interrompera os estudos, e se achava uma jovem moderna e avançada. Ademais, estava apaixonada e via no filho uma forma de melhorar de vida. 
Por causa dessa paixão, e pela cabeça vazia com relação aos assuntos das duas companheiras de enfermaria, a jovem mãe começou a falar bem do pai de seu filho, pois, segundo ela, iria lhe dar uma vida boa. Exagerou nas qualidades, como é comum aos apaixonados. 
As outras duas tiveram até piedade da jovem mãe, pois escancarou a vida dela e concentrando toda sua esperança no namorado, falou dos detalhes como essa criança foi feita e a repulsa da família, pois seus pais, com poucas condições financeiras, viram que iria sustentar mais uma boca. E uma das mães, começou a ficar intrigada com as características do namorado da moça, uma vez que ela via muita similitude com seu esposo. Então começou a fazer perguntas como se nada quisesse, apenas por curiosidade. A jovem mãe falou tudo, inclusive que ele não sabia ainda do nascimento desse menino, por ser prematuro e o namorado tinha viajado há três dias e estava sem sinal de celular. Pelas informações, a inquiridora comprovou que se tratava de seu marido.
Ele de sua cidade não se deslocou, apenas iria cuidar do novo filho e do resguardo da esposa. Com a informação dada pela namorada, a titular ficou enraivecida, mas manteve a calma, pois ele já estava chegando ao hospital.  
Ao chegar à enfermaria para ver sua esposa e o filho, trouxe até um buquê, tamanha era seu amor por ela. Entrou e se dirigiu à esposa, mas quem a saudou com muita efusão foi a namorada que ele não vira ainda. 
O sujeito ficou branco, suou bastante e exclamou:
- Eita embrulho desordeiro.
Instantaneamente ficou amarelo, deu um tremor nas pernas, caiu, e se borrou todo, fazendo o número um e o número dois, ali mesmo.

Moacir Saraiva

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 “A lista das listas” /colunista-moacir-saraiva-a-lista-das-listas/ /colunista-moacir-saraiva-a-lista-das-listas/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Wed, 05 Mar 2025 18:58:41 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=123630 <![CDATA[

Foto: reprodução          Já vi lista de todo tipo, você, estimado leitor, há de convir que quanto mais carnavais temos

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Foto: reprodução

         Já vi lista de todo tipo, você, estimado leitor, há de convir que quanto mais carnavais temos no lombo, mais novidades a gente vê.

         No tocante a lista, desde que se nasce, ou até mesmo antes, somos colocados em um mundo de listas, listam-se as semanas a fim de estabelecer em quanto tempo fomos gerados, isso para as gerações mais novas, pois as de outrora não havia esse cuidado todo. Depois vem lista de convidados para o chá de revelação e outros chás organizados pelos pais a fim de esperarem o rebento. Além da relação de convidados, faz-se um rol de presentes a serem trazidos pelos convidados.

         Quando o rebento nasce, há listas de brinquedos a serem adquiridos conforme a idade do bruguelo, quando se iniciam os anos escolares, são necessárias as famosas listas de materiais escolares, ou seja, desde que nascemos até a nossa partida somos acossados e até sufocados pelo surgimento de listas e mais listas a depender de circunstâncias da idade e do que se vai fazer. Depois que se cumpre o papel aqui na terra, e se vai para outra esfera, surgem as listas dos bens, aqueles bem aquinhoados são listas imensas com terrenos, carros, mansões e outros penduricalhos a fim de que os herdeiros e o estado abocanhem seu quinhão, já quando o sujeito se enquadra em um patamar daqueles que nada têm ou têm quase nada, aparecem as listas constando bicicleta, geladeira usada, cama com pé quebrado, dívidas, botijão de gás, além de outros elementos para os herdeiros brigarem entre si na disputa do quase nada.

         A palavra lista tem uma importância semântica devastadora ou edificadora a depender do contexto a ser aplicada. Numa grande empresa aparece a lista dos dispensados, o mesmo acontece em time de futebol, e em final de mandato de prefeitos, emerge como algo desestruturador de muitas famílias, pois ela aparece às vésperas do Natal, A palavra lista viaja com o mesmo ímpeto para edificar e alegrar vidas, quando o sujeito vê seu nome na lista dos aprovados de um concurso, quando o nome aparece na lista de ganhador de um prêmio.

         Ou expressão gostosa e dolorosa, há uma lista famosa no mundo todo  A Lista de Schindler  Um empresário alemão Oskar Schindler que, junto com a sua esposa Emilie Schindler, salvou mais de mil refugiados judeus holandeses do Holocausto, empregando-os em suas fábricas, na segunda Guerra Mundial. A partir desse fato, em 1982, surgiu um romance feito por um Australiano Thomas Keneally – A lista de Schindler e em 1993, foi transformado em filme por Steven Spielberg. Tanto o romance como o filme repercutiram em todos os povos.

         Caro leitor, mas a lista à qual vou me referir foi a única que já vi em todos esses anos que vivi, além disso, jamais me chegou ao conhecimento, seja através da literatura ou de ou outro meio de divulgação, ao longo do tempo, informações envolvendo algo dessa natureza.

         O sujeito maduro, bem sucedido e bem casado com uma parceira do seu nível, mas resolveram cada um ir para seu canto, do casal brotaram duas filhas, de 6 e 7 anos. O processo de separação foi rápido, sem nenhum disse me disse e ambos procuraram seus novos rumos. O moço continuou frequentando lugares que outrora visitava e em cada encontro desses, acompanhado por uma moça diferente, e ao se retirar, as pessoas que estavam no seu entorno percebiam que ele tirava do bolso um pedaço de papel e o riscava, tal comportamento deixou a todos curiosos, nos restaurantes os garçons, e em outros ambientes eram amigos e companheiros de trabalho.  A conversa veiculada era de que ele, em um espaço de 4 meses, se apresentou com 5 mulheres, umas companheiras de trabalho do moço, outras eram amigas de longas datas, mas em nenhuma das aparições repetiu a parceira e, nesses aparecimentos, não se via sinais de namoro.

         Seus amigos sentiram falta dele por uns dois meses, sumiu desses ambientes que era costumeira sua presença e, em uma festa famosa da cidade, onde seriam apresentados aqueles que se destacaram no ano anterior em seus ofícios, ele também receberia o prêmio, se apresentou de braços dados com uma parceira totalmente desconhecida na cidade, na chegada deles e na mesa onde sentaram, todos perceberam que havia um laço mais forte do que apenas amizade.

         A festa foi bonita, eles dançaram se beijaram e em um instante de bate papo, um amigo o chamou e falou:

         – Amigo, é mais uma que você está enganando?

         Ele sorriu e serenamente, respondeu:

         – Nada disso, ao me separar, fiz uma lista sêxtupla com nomes de mulheres, aqui da cidade e de outras paragens, pelas quais tenho simpatia e iração e uma delas seria minha futura companheira. Saí com todas elas a fim de conversarmos, trocarmos ideias e, nessa, vi que seria uma parceira para ar o resto dos meus dias, em algumas delas vi que viveríamos bem, no entanto, sinalizaram que não daria certo comigo.

         O amigo arregalou os olhos e o inquiriu:

– Essa com quem você agora está, foi da segunda lista?

O protagonista, sorriu e foi enfático:

– Não, foi a última da lista primeira lista.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 “Missão dada, missão cumprida” /colunista-moacir-saraiva-missao-dada-missao-cumprida/ /colunista-moacir-saraiva-missao-dada-missao-cumprida/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Tue, 18 Feb 2025 21:43:38 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=122841 <![CDATA[

         No último fim de semana, precisamente no sábado, 15/02, tive de cumprir uma missão não muito agradável, mas não

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         No último fim de semana, precisamente no sábado, 15/02, tive de cumprir uma missão não muito agradável, mas não me restou outra alternativa.

         Partiu para o outro lado da vida, a amiga Edna Xavier, aos 76 anos, a conheci em 1995, e sempre a vi como um ser humano alegre, astral alto e nada, nada tirava sua alegria e seu sorriso cativante. Outro traço marcante era a forma como se dirigia aos seus interlocutores, sua fala vinha de suas entranhas, vinha de sua alma, vinha de todo seu corpo, ela jogava toda a sua energia, ao nos chamar de abençoado ou abençoada.

         Acho que ao usar essas expressões, o tom que utilizava, o olhar que dirigia, o sorriso que as acompanhava, deixava o interlocutor sem nenhuma força para lhe dizer não. Sua psicologia do convencimento era fatal, para negá-la um pedido, o sujeito ficava desarrumado e só se utilizava da negativa quando nada podia ser feito para atendê-la.

         Cajaibana, professora e não nasceu em berço de ouro, mas teve uma trajetória gigante conquistando não ouro para ela, não riquezas, mas conquistando espaços para sua gente, para seu povo, espaços para os pobres, conquistando espaços para o crescimento dos outros, e bastante gente lhe é grata, pois muitos cresceram através de seus empurrões, empurrões calcados no amor e no incentivo e, muitas vezes, até empurrões financeiros, onde tirava dinheiro de sua família para favorecer o crescimento de desconhecidos.

         Quem cuida de si, cuida dos outros, e ela adotava essa filosofia de vida, pois estava  sempre elegante, sempre bem vestida, sempre maquiada, sempre de cabeça erguida, sempre com palavras entusiastas, sempre se cuidando em todos os seus aspectos, nem mesmo uma enfermidade grave a abateu, verdade que a deixou com sequelas, no entanto com sua fome de viver intensamente ela soube conviver com o AVC sem maiores prejuízos para o seu agir na sociedade, não podia mais escrever com a mão direita ela aprendeu a usar a outra mão para a escrita. São esses detalhes que engrandecem um ser humano, são esses detalhes que mostram para que o ser humano veio a terra.

         Ela me deu uma missão e a cumpri. Nos velórios de amigos comuns, em Valença, muitas vezes ficávamos juntos e conversávamos, dávamos risadas, pois as resenhas de velórios são fantásticas. Antes da pandemia, em Valença, o féretro saia carregado pelas ruas até o cemitério, no entanto, na praça da Triana, muita gente deixava de seguir o defunto, por vários motivos, inclusive a própria ladeira Conselheiro Franco que é bastante longa,se torna um dificultador, pois aqueles que já estão próximos de serem os ageiros dos caixões não têm tanta saúde para enfrentá-la.

E em dois ou três desses cortejos, eu ia conversando com a amiga Edna Xavier, e ao chegar à Triana, eu faleique teria alguns compromissos e precisava voltar. Ela, mesmo com suas limitações, ia até o topo da caminhada deixando o falecido na sua casa definitiva.

Antes de nos despedirmos, ela me olhava e dizia com um sorriso bem aberto e com uma energia que lhe era peculiar:

– Abençoado, no dia do meu cortejo não me abandone na metade do caminho, me leve até o fim.

Fui até o cemitério de Cajaíba a fim de cumprir uma missão que me foi dada.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 A enfermidade das enfermidades /colunista-moacir-saraiva-a-enfermidade-das-enfermidades/ /colunista-moacir-saraiva-a-enfermidade-das-enfermidades/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Tue, 03 Dec 2024 16:03:45 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=118197 <![CDATA[

Colunista Moacir Saraiva                  No século XXI, ainda há muita gente, no Brasil e em muitos outros povos, que não

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Colunista Moacir Saraiva

                

No século XXI, ainda há muita gente, no Brasil e em muitos outros povos, que não consegue decifrar as letras e, consequentemente, as palavras são algo estranho para elas. Não confundamos saber ler um texto com saber ler o mundo, pois a leitura do mundo e a leitura da vida independem de saber decifrar o alfabeto de qualquer língua.

         Todos sabem traduzir os signos que o mundo oferece, os iletrados são doutores nessa ciência, os moradores do campo, mesmo sem ter frequentado bancos escolares, leem o tempo, sabe o momento de plantar, conhecem as plantas do lugar e sabem inclusive seu valor medicinal, aprenderam com seus ancestrais e am para frente. Eles andam em todos os caminhos e veredas dos lugares onde moram sem fazer uso de GPS, e quando têm de desbravar novos horizontes não se perdem, apenas a experiência e as dicas ouvidas por terceiros o fazem chegar ao destino.

         No campo existem outros signos que eles conhecem muito bem, por exemplo, quando se trata de chás, sabem a quantidade de folhas a serem usadas, se houver misturas de folhas com raízes, sabem as porções certas, sem buscar no google ou em livro de medicina natural, além das quantidades indicam os horários que o enfermo tem de beber o santo remédio oriundo das plantas e raízes.

         Já vi muitos homens de roça, olharem para o tempo e dizerem: hoje à noite vamos caçar animais para nos alimentarmos, pois a lua tá boa e vamos ter sucesso na nossa empreitada e a previsão acontece de fato, isso é leitura de mundo.

         Não são poucos os pescadores, cujos bumbuns aram longe dos bancos escolares, mas a partir da observação do mar, dizem ser um dia próspero para a pesca e singram os mares e quando voltam, os barcos vêm carregados com frutos do mar.

         Quando os protagonistas estão em lugares errados, sofrem e até podem chegar ao pior. O citadino letrado ao enveredar pelos matos ou pelo mar sem ter estudado nos livros, não têm o mesmo olhar que o sertanejo ou o homem beradeiro ver a sua realidade e a interpreta, da mesma forma quando o iletrado precisa decifrar as letras não sai do lugar e, muitas vezes, paga um preço alto.

         O casal de iletrados já idosos, mora na roça desde que nasceram, seus filhos têm conhecimentos das letras, mas o convívio com os pais é pouco. A idade chega e não vem sozinha, as enfermidades vêm junto, e com esse casal não é diferente, o moço menos saudável do que a esposa e esta dava o e ao amado. Ele precisava tomar muitos medicamentos prescritos por médicos, uma filha vinha no fim de semana e arrumava toda a medicação e, além de anotar o horário, repetia para a mãe, separando o remédio a ser medicado e o horário a ser aplicado.

         Algumas vezes o idoso piorava em virtude de os medicamentos serem dados trocados, ou em horários muito diferentes dos prescritos, ou ainda o exagero ou diminuição da porção indicada na receita. A última vez que a filha foi visitá-los chorou muito por essa dificuldade da mãe, pois esta não conhece uma letra sequer.

         A mãe também doente, e disse para a filha:

          – Minha filha, a minha maior enfermidade é não saber ler para cuidar melhor do teu pai.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 “Até amor da mãe murcha” /colunista-moacir-saraiva-ate-amor-de-mae-murcha/ /colunista-moacir-saraiva-ate-amor-de-mae-murcha/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Wed, 06 Nov 2024 12:52:26 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=116530 <![CDATA[

Foto: reprodução                 Há quem diga que tudo na vida a, tudo na vida tem fim, exceto o amor de

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Foto: reprodução

                Há quem diga que tudo na vida a, tudo na vida tem fim, exceto o amor de mãe, mas parece que não é bem assim, pois o amor venha de quem vier tem de ser alimentado, apesar da gratuidade do amor materno, entretanto há situações que, por inanição desse amor, ele não desaparece, mas murcha, fica hibernando esperando um sol de alento a fim de ele brotar novamente. Não que esse amor queira recompensa ou compreensão, mas, pelo menos, não seja desmoronado todos os dias e a todos os momentos. Com maltrato diário com a pessoa, a quem dizemos amar, não há sentimento afetuoso, mesmo o de mãe, que não degringole.

         Uma senhora tem duas filhas, as três moram em uma periferia de uma cidade mediana, a mãe, na verdade, é “pãe”, uma vez que o pai das meninas a abandonou logo que as duas vieram ao mundo, apenas um ano é a diferença da idade delas. A mãe, uma diarista, sustentou essas crianças sozinhas, na esperança de que, quando chegassem a maior idade, lhes dessem menos trabalho e menos despesas, já que iriam para a labuta a fim de ganharem dinheiro e colaborarem no sustento da casa, pois ela, sozinha, fez isso por anos e anos.  

         As duas cresceram e a mais velha, aos 17 anos embarrigou, um embarrigamento solo, o sujeito fez o filho e não assumiu nem a criança nem a jovem mãe, assim sendo, a mãe da moça, já com parcos recursos, teve de se virar a fim de sustentar a filha com seu rebento e a outra filha que também aprontava, esse foi um dos grandes desgostos da mãe das meninas.

         As crias aprontavam muito e não davam nenhuma satisfação à mãe, não a ajudavam nos afazeres domésticos, tampouco nas despesas, mesmo já trabalhando em pequenos afazeres, mas o que arrecadavam era tão somente para o cuidado da própria beleza e custear farras nos fins de semana.

         Tinha uma “amortização” desse descaso com a mãe, quando chegava o dia das mães, dia do aniversário dela e Natal, as meninas lhes davam presentes e tiravam fotos a fim de postarem no celular, fotos com o sorriso aberto e abraçada com a mãe, esta ficava sisuda, muito sisuda, mesmo com os apelos das filhas para abrir um sorriso. Nas redes sociais, postavam a foto com um palavreado bonito de elogio à genitora.

         Ano, após ano, o ano inteiro de descaso com a mãe, muitos finais de semana as meninas saiam e deixavam o pequeno sob os cuidados da cansada senhora, isso foi desgastando o afeto da mãe pelas filhas, pois só nos eventos festivos elas amoleciam o coração e demonstravam um “amor” exagerado. Isso fez com que a mãe visse nessas datas tristeza e, até se esquivava de qualquer encontro festivo, mesmo com os demais parentes dela. Não ia na casa de ninguém e não atendia o celular.

         Neste ano, o caldo engrossou, em uma dessas datas festivas para as meninas: dia das mães, a velha se encheu de tanta falsidade vinda de suas filhas, que no dia dedicado a ela, as meninas chegaram alegres e com flores e presentes, a mais velha se adiantou e disse:

         – Mainha, gostamos tanto de você e eis aqui uma lembrança nesse dia tão especial.

         A mãe estava na cozinha, dali não saiu e permaneceu sisuda e muito sisuda, com o rosto carregado de raiva. Olhou para as meninas e falou:

         – Suas ordinárias, vocês am o ano me maltratando, dentro de casa não lavam uma xícara. É assim que vocês gostam de mim?

         As meninas ficaram sem entender. E a mãe continuou:

         – Guardem seus presentes para vocês mesmas.

         Deu as costas e continuou sua labuta na cozinha.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 O Pedidor de livros /colunista-moacir-saraiva-o-pedidor-de-livros/ /colunista-moacir-saraiva-o-pedidor-de-livros/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Thu, 31 Oct 2024 04:00:00 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=116105 <![CDATA[

Colunista Moacir Saraiva: O Pedidor de livro                                 Ao longo dos meus vários anos letivos dentro de escola e

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Colunista Moacir Saraiva: O Pedidor de livro

                                Ao longo dos meus vários anos letivos dentro de escola e fora dela, já vi muitas campanhas pedindo livros para bibliotecas, agora mesmo, algumas universidades estão doando livros para suas coirmãs do Rio Grande do sul, em virtude das cheias daquele estado que destruiu os acervos bibliográficos de universidades.

            Já li casos de garis que montaram bibliotecas para a comunidade a partir de livros encontrados no lixo e não pedindo-os de porta em porta. Essa atitude teve repercussão do mesmo tamanho da grandeza desse gesto e ganhou notoriedade nacional.

            No cotidiano, nós encontramos nas ruas todo tipo de pedinte, além das ruas, chegam mensagens no zap e através de ligações gente pedindo objetos, utensílios e até dinheiro para campanhas, justas, mas são muitos pedintes e se formos atender a todos, não sei o que será de nós.

            Em determinadas comunidades, vizinhos pedem um pouco de café ou de açúcar ou de outros ingrediente qualquer a fim de complementar a feitura de seu alimento. Nas escolas, alunos pedem uma folha de papel, pedem um clips, pedem pesca, alunos também pedem carona. Os pedidos por parte de alunos e de vizinhos são os mais diversos possíveis, muitos atendidos outros negados, mas os pedintes, às vezes se tornam doadores e vice versa.

            Nas ruas nem se fala a quantidade de pedintes que aparecem, são de toda natureza, uns pedem dinheiro, outros pedem comida, roupas são solicitadas, enfim a pedição é muito grande, e esse grau elevado dessa prática mostra que a fome eia por nossas cidades, infelizmente, além da fome, falta de empregos e constata-se que participamos de uma sociedade onde carece de uma melhor distribuição de renda. Além daqueles que imploram por alimentos, há aqueles que pedem uma cachaça, pedem também cerveja, muitos pedem informações.

            Recentemente, lancei meu quarto livro de Crônicas e busquei profissionalizar todo o processo, desde a confecção da capa até as vendas e pós vendas. Nessas novidades, o Instagram está sendo utilizado na propaganda dos livros e me leva a todos os estados brasileiros e até a outros países, com isso tenho feito vendas para pessoas com as quais nunca tive contato.

            Quando um possível leitor entra em contato comigo, falo do valor, da forma de pagamento, que é o pix, ou transferência. O sujeito cumpre essas etapas me manda o endereço e eu envio o livro.

            Nesta semana, um moço do interior do estado de São Paulo, entrou em contato comigo, dizendo estar interessado no livro. Coloquei as condições para ele adquirir Retalhos da Vida, após eu esclarecer via texto todas as condições, ele ligou para mim e falou:

            – Moço, não tenho dinheiro, nem pix, mas quero o livro.

            Continuou, ele:

            – Por favor, me dê o livro.

            Um pedido inusitado e diante deste apelo, não titubeei, respondi:    

            – Vou te mandar o livro.

            Primeira vez que me deparo com um pedidor de livro. Ele veio com tanta humildade, com palavras e tom de voz, que me fez lembrar vários pedintes com quem me deparo na rua no dia a dia. Este moço me pareceu estar pedindo algo para saciar a fome, talvez fome de boas viagens através da uma boa literatura.

Por: José Moacir Fortes Saraiva

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 Ciúme doentio do TCC /colunista-moacir-saraiva-ciume-doentio-do-tcc/ /colunista-moacir-saraiva-ciume-doentio-do-tcc/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Tue, 15 Oct 2024 14:04:00 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> http://atualizabahia-br.atualizabahia.com/?p=115329 <![CDATA[

Colunista Moacir Saraiva: Ciúme doentio do TCC          Um rapaz bem afeiçoado, bom papo, inteligente, boas posses, vivia muito bem

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Colunista Moacir Saraiva: Ciúme doentio do TCC

         Um rapaz bem afeiçoado, bom papo, inteligente, boas posses, vivia muito bem e jamais se interessara por estudar, sua vida sempre na roça e lá, através da escola da vida, aprendeu a prosperar e sabia conduzir seus negócios. Ele namorava uma moça que também gostava da vida campesina, mas foi estudar e chegou até à universidade.

         A convivência entre eles era muito boa, uma vez que eram conhecidos desde a infância com famílias amigas, enfim um namoro que dava gosto aos familiares dos dois lados e principalmente aos dois enamorados, pois eram jovens bonitos, inteligentes, de bem com a vida, cheios de vitalidade e se gostam muito.

         Ele preferia ficar no campo e ela, por ter muitas aulas presenciais, tinha de ficar mais tempo na cidade, isso não era motivo de eles se conflituarem, pelo contrário, essa distância os unia mais, pois ao se reencontrarem havia muitos assuntos para conversarem e afetos e carinhos contidos.

         À medida que o curso andava, já no quarto ano, a moça começou a falar no Trabalho de Conclusão do Curso, conhecido no mundo universitário por TCC. Quem já sentou nos bancos universitários, ou está fazendo um curso superior, sabe perfeitamente que à proporção que se aproxima o fim desse ciclo, o grau de intimidade, com essa produção, aumenta demasiadamente e se fala exageradamente nesse tal de TCC, visto que causa terror nos estudantes.

         Com a moça não foi diferente, ela começou a verbalizar com muita frequência a palavra TCC e o namorado, a princípio não deu importância, pois ele pensava que era coisa da faculdade. No entanto, eles ao se encontrarem ela recebia ligações dos colegas e só se falava nesse tal de TCC. Ele começou a se encher de ciúmes e o ciumento cria coisa que até o satanás duvida, pega expressões soltas e sua imaginação satânica se encarrega de armar a urdidura do amado ou da amada para provar que está sendo enganado. Mesmo ele sendo um sujeito seguro e tranquilo, seu coração, esporadicamente, era invadido por ciúmes e seus puxadinhos.

         O moço ruminava isso sem jamais manifestar qualquer ato deselegante com a jovem, pois a amava muito e cria nela, vinha o diabo do ciúme e ele entrava com a razão e engolia sozinho suas dúvidas malditas.

         O tempo ando e a namorada cada vez falando desse TCC, certa vez, estavam juntos, em uma mesa de um restaurante, bem juntinhos e ele a ouviu dialogar no celular com uma amiga, e falava abertamente, a última fala dela para a amiga foi a seguinte:

– Amiga, segunda-feira, vou dormir aí para pegarmos o TCC de jeito. 

O sujeito ficou apreensivo, mas raciocinou embasado no amadurecimento e na razão, e pensou: se fosse algum caso dela, ela não falaria tão abertamente.

Bebericaram mais uma taça de vinho e ele olhando com ternura nos olhos da amada disse:

– Minha menina, quem é este tal de TCC? Pois você fala tanto dele que já me deu um pouco de ciúmes.

Ela percebeu que nesse assunto de universidade, o rapaz era muito rude, mas só nesse assunto, nos demais era extremamente habilidoso. Diante dessa constatação, ela não sorriu da ignorância do amado, nem o desprezou e nem fez chacota, teve o mesmo respeito e serenidade que ele manifestou ao perguntá-la, e carinhosamente falou:

– Meu menino, todo estudante universitário, ao concluir o curso ele tem de apresentar um trabalho que mostre o quanto ele cresceu na vida acadêmica, esse trabalho é denominado Trabalho de Conclusão do Curso, conhecido por todos com o TCC.

Os dois gargalharam, se abraçaram e se beijaram.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 A sem fogão /colunista-moacir-saraiva-a-sem-fogao/ /colunista-moacir-saraiva-a-sem-fogao/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Wed, 24 Jul 2024 04:00:00 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=110098 <![CDATA[

              Os filhos crescem e alguns solteiros vão morar fora, outros casam e também moram distante, há aqueles que,

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            Os filhos crescem e alguns solteiros vão morar fora, outros casam e também moram distante, há aqueles que, por circunstâncias, casados ou não preferem morar perto dos pais. Até mesmo para ficar mais próximos aos idosos e lhes dar atenção.

            Essa dinâmica constata-se desde que o mundo é mundo. Agora, quando os rebentos são solteiros e estudam em outras cidades, os pais já sabem quando eles vêm visitá-los, as crias parecem que estão esfomeados e querem comer do bom e do melhor, pois, muitas vezes, onde estudam, comem mal por morarem ou sozinhos ou comerem em restaurantes ou ainda na universidade onde estudam e, como se sabe, aí é só para encher o bucho, pratos mais requintados e saborosos só na casa de mamãe e papai. Os pais se esmeram para que os pimpolhos se sintam bem, se sintam amados e fazem os pratos que eles gostam.

            Conheci um casal, com dois filhos morando fora, e o casal ao comer frutos do mar no dia a dia, só comia moqueca de arraia, de sardinha, ou de outro peixe mais simples, no entanto quando as crias vinham em finais de semana, só rolava moqueca de camarão, de robalo ou outros peixes nobres. Só um exemplo do zelo desse casal com os filhos.

            am um fim de semana ou férias ou feriados longos, enfim quando encontram um motivo eles vêm para debaixo da asa dos pais, a despeito de comerem bem, de serem paparicados, no entanto, quando retornam para a realidade deles, os pais ainda os paparicam dando-lhes mantimentos, ou se não dão, eles invadem a despensa a geladeira e algum outro espaço em que se guarde algo para comer e fazem a faxina. Quando eles vêm de ônibus levam pouca coisa, no entanto quando usam dos próprios carros para virem, a feira é bem maior, deixam os velhos à míngua, mas os pais sentem prazer em ajudar os filhos.

            Outro dia, ouvi esse pai dizer à esposa, após o retorno dos dois filhos para a capital e terem feito um rapa significativo, poxa se esses meninos viessem de caminhão tinham levado até os móveis da casa.

            E nessa família à qual me referi acima, uma filha não foi estudar fora e preferiu ficar perto dos pais, casou e morava bem perto, pois os velhos já avam dos setenta, a filha os visitava com muita frequência, tanto ela como o esposo, e, muitas vezes, ou almoçavam ou jantavam. além de filarem a boia dos velhos, levavam uma quentinha para comer em casa. 

            Em um período, ficou constante essa visita, ou melhor, diariamente, na hora do almoço, ou iam os dois ou apenas a filha, mas levava a quentinha para o marido, após duas semanas, ela revelou que o fogão deles havia danificado e o reparo demoraria muito tempo, até explicou o motivo para se justificar, mas os irmãos, que estudavam na capital, não a perdoaram e as chacotas vieram, pois entre si, brincavam muito, após um mês, um dos irmãos enviou um zap para ela, constando o seguinte:

            Minha irmã, no Brasil, há vários movimentos sociais e estão tendo apoio dos governos; os sem-terra, os sem-teto, dentre outros, esses são os mais fortes, agora, você, com esse fogão quebrado que não tem conserto, crie um, pois há muitos casais e até solteiros, na sua situação, sofrendo essa monstruosa injustiça e sendo humilhados pelos irmãos, juntem-se, lutem pelos seus direitos e busquem apoio na prefeitura, no estado e também no governo federal, será o MSF –  Movimento dos SEM-FOGÃO.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 A Coragem Sugada Pela Rua /colunista-moacir-saraiva-a-corag-sugada-pela-rua/ /colunista-moacir-saraiva-a-corag-sugada-pela-rua/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Thu, 27 Jun 2024 16:37:04 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=108658 <![CDATA[

       Colunista Moacir Saraiva: A CORAGEM SUGADA PELA RUA             Algumas pessoas têm uma capacidade incrível para criar frases de efeitos e

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       Colunista Moacir Saraiva: A CORAGEM SUGADA PELA RUA

            Algumas pessoas têm uma capacidade incrível para criar frases de efeitos e outras pérolas linguísticas emitidas no momento presente no qual estão inseridas. Isso independe de escolaridade. Outrora, eu ia para a Fonte Nova, quando ainda pobre podia frequentar e assistia os jogos na Geral que era o local com os ingressos mais baratos. Naquela época, as torcidas eram misturadas e não havia nenhum tipo de confusão, apenas saiam pérolas linguísticas de lado a lado, servindo para dar mais alegria ao estádio, pois todas elas causavam muitos risos tanto na torcida de um lado como do outro.

            Trabalha comigo uma moça que tem a capacidade de criar essas pérolas, vira e mexe ela solta umas que, no contexto, são preciosidades dignas de serem arroladas nos anais da nossa literatura. Estou mais atento a elas e comecei a anotá-las.

            Ela tem uma folga por semana, em dia útil, a fim de ir à rua e resolver suas pendências ou ficar em casa a fim de dar um trato no seu habitat. Claro que cada um a aproveita a seu bel prazer. As pessoas do seu entorno começaram a observar que, nessa folga, ao longo dos meses, ela jamais se deslocava para a rua na parte da manhã. Muitos vizinhos, optam pelo turno matutino a fim de não pegar a quentura do sol da tarde, mas ela se recusava, com o sol escaldante vespertino era seu horário escolhido, não era o preferencial, era o único. Não terminava nem de almoçar ainda saia mastigando, mas era este o horário de perambular ou resolver questões na cidade.

            Seus vizinhos e familiares sabem que se trata de uma pessoa determinada, com forte opinião e não abre mão de suas crenças, mesmo contrariando a todos, por isso, respeitavam a decisão dela. A ida matinal à rua é mais aceita pelos partícipes do seu grupo, considerando uma série de variáveis; o clima, voltar cedo para casa e fazer as tarefas domésticas, tirar uma sesta após o almoço, mas ela era irredutível.

            No entanto, essa diversidade de horário para ir à cidade, não causava nenhum transtorno para ninguém, uma vez que o grupo que preferia ir logo após o café matinal, não se constrangia por ela ir sozinha à tarde, ou com outras pessoas que a acompanhavam, da mesma forma, a moça e seus adeptos ficavam de boa pelo fato de as amigas escolherem outro horário.

            Mas apesar do tempo, ninguém sabia os motivos daquele comportamento da amiga. Em uma tarde de domingo, elas estavam reunidas e alguém a inquiriu sobre não seguir o grupo para ir à rua no período da manhã. Ela olhou e começou a discorrer sobre seus motivos.

            Vocês sabem que o sujeito que tem o olho de seca pimenteira, quando vai em tua casa, mata planta, mata animais pequenos, até grandes animais ficam doentes, por causa do olho ruim da pessoa. Tem gente com olho de seca pimenteira que adoece até o dono da casa.

            Uma das interlocutoras se levantou e perguntou:

            – O que tem a ver o olho de seca pimenteira com você ir à rua pela manhã?

            Ela pausadamente começou a discorrer sobre sua crença.

            – Amiga, eu fui duas vezes, pela manhã para a rua, resolver questões específicas, não fui nem bater perna, fui a negócio. Senti que as portas das lojas, as portas dos bancos e as portas das casas olhavam para mim com um olhar diferente e eu não percebi o que estava por trás desses olhares. Quando chegava em casa, sentia uma moleza danada de grande e sem coragem para fazer nada, desejando apenas cama para me deitar.

            A amiga exclamou:

            – Oxe, cruz credo e se benzeu.

            Ela continuou:

            – Concluí que essas portas, na parte da manhã, têm olhos de Seca Pimenteira e sugam toda a minha coragem, pois quando vou, à tarde, à rua, volto de boa para casa com a coragem redobrada.

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Colunista Moacir Saraiva r5h22 “O namorado rico” /colunista-moacir-saraiva-o-namorado-rico/ /colunista-moacir-saraiva-o-namorado-rico/#respond <![CDATA[Atualiza Bahia]]> Mon, 12 Feb 2024 13:07:48 +0000 <![CDATA[Moacir Saraiva]]> <![CDATA[Últimas]]> /?p=97886 <![CDATA[

         Em muitos inícios de namoro o encanto e o vislumbre escamoteiam o que o outro, às vezes, realmente é.

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         Em muitos inícios de namoro o encanto e o vislumbre escamoteiam o que o outro, às vezes, realmente é. O brilho nos olhos de um apaixonado torna tudo, tudo mais belo, mas não para o sujeito desta crônica.

Não há luar como o de janeiro, nem amor como o primeiro. Esse é um adágio antigo e que muitos o tem como um dogma, uma verdade absoluta e inquestionável.

O sujeito começou a namorar uma moça em janeiro e era sua primeira experiência nesta seara, não era jovem, maseramseus primeiros os na direção do amor. A moça encantadora e já não era imberbe neste campo. A primeira saída do casal foi para um restaurante na praia, à noite, no mês de janeiro, e com um luar lindo, um bom restaurante e a lua banhando o mar com vontade.

Antes de se apearem do carro, no restaurante, muitos beijos, muitas palavras trocadas de encantos, de promessas, de elogios e outras coisitas mais. O moço desceu primeiro e foi abrir a porta do carona, deu a mão para a amada e só depois ela pôs os pés no chão, ele demonstrou uma cortesia pouca vista nos dias atuais, inclusive pela moça, mas para demonstrar amor e polidez, tudo vale.

Ao entrarem no recinto, havia uma mesa reservada para eles, com flores e um cartão bem amoroso, próprio de amantes enlouquecidos. O rapaz preparara o ambiente para nada, nada dar errado, porquanto ali seria o selamento do início de uma relação amorosa, uma vez que ele estava muito ansioso para desfilar nas ruas de mãos dadas com a amada, visto que era um dos seus sonhos poder mostrar ao mundo que tinha uma namorada.

Ao chegarem à mesa, o ritual da cortesia do carro se repetiu, ele puxou a cadeira a fim de a amada se sentar, só depois ele foi para o lugar dele. O sujeito não nadava no dinheiro, no entanto tinha contas bancárias recheadas,mas andava com os pés no chão no que tange ao uso de seus recursos. Ambos ficaram vislumbrados com o ambiente, os olhares para a mesa e para o entorno denunciavam que não eram habituados a frequentarem ambientes daquela estirpe. O sujeito escolheu esse ambiente a fim de impressionar a moça.

Ele pediu um vinho, porque é a bebida mais usadanos encontros românticos, isso se vê na literatura, nas novelas e nos filmes, portanto, nada melhor do que celebrar esse momento com a bebida dos amantes. Ele se denunciou que não tinha nenhuma intimidade para beber vinho, pois a forma que ele pegou na taça de cristal pareceu mais que estava pegando em um copo americano cheio de cerveja.

Depois de beberem algumas taças do vinho, foi solicitado o cardápio, ela o pegou da mão do garçom, com certa indelicadeza, e escolheu três iguarias sofisticadas, o rapaz achou que ela exagerou na quantidade, entretanto, nada falou, o garçom, educadamente, disse que o pedido feito era muito para os dois, no que ela retrucou argumentando que estava com bastante fome. O vislumbrado amante, nada disse, e o pedido foi confirmado.

Antes das iguarias chegarem, o vinho veio acompanhado de alguns petiscos e o casal consumiu tudo, pois eram deliciosos. E a conversa movida a vinho rolou solta, os dois trocando muitas carícias nas mãos e os olhos acariciando o rosto um do outro. O encontro de casais nessa fase é bonito de curtir e também de se ver, pois contagia a quem está por perto.

O pedido chegou e começaram a comer, a moça tirou pequenas fatias de cada iguaria e ficou satisfeita. O namorado também comeu pouco e sobrou muita comida, o rapaz, apesar de estar apaixonado, mas internamente ficou indignado com o desperdício, pois jogou dinheiro e muito dinheiro fora.

Acabado o jantar, foram embora, na porta da casa da moça, dentro do carro, muitos beijos e outras práticas as quais não preciso explicitá-las, pois todos as conhecemos e já fizemos. Se despediram e ela, com muito amor na voz e um sorriso largo, o pediu para vir buscá-la no dia seguinte, isso ficou pactuado, conforme o horário estabelecido.

Ele, ao sair, pensou no amor e no desperdício. Nunca mais voltou à casa da moça.

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